segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Onde os Fracos Ganham Oscars

É isso aí, mais um Oscar se encerrou. Mais uma vez previsões se concretizaram, algumas surpresas surgiram, alguns musicais se mostraram constrangedores (o que foi aquele coral falsamente com atitude da música de O Som do Coração?). Mas mesmo assim, eu não aprendo. Assisti até o último minuto e até vibrei com a premiação dos Coen, embora isso foi barbada, como antecipei no post anterior.

A cerimônia foi muito bem conduzida pelo Jon Stewart, que fez até algumas boas piadas, como a que o filme Longe Dela é o favorito de Hillary Clinton, já que a protagonista tem Mal de Alzheimmer e vai se esquecendo do marido, como ela gostaria de fazer com o seu, Bill Clinton. Não houve grandes percalços, além de dois escorregões do ator Colin Farrel e da jovem Miley Cyrus (a Hannah Montana) no palco e da gaguejada da bela Katherine Heigl, de Ligeiramente Grávidos, na hora de anunciar um prêmio.

Mas vamos ao que interessa. Como escrevi anteriormente, acertei algumas previsões e errei outras, mas não falhei tanto assim. Apontei que Julie Christie iria ganhar por Melhor Atriz, mas assinalei que Marion Coutillard seria a única com chances de tirar a estatueta de suas mãos. A francesa foi uma das únicas pessoas premiadas que demonstrou surpresa ao ouvir Forrest Whitaker chamar seu nome no Kodak Theater. Assim como Tilda Swinton, que derrotou a favorita Cate Blanchett, ao ganhar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Conduta de Risco. Ao subir ao palco, ela fez o comentário mais engraçado sobre a estatueta ao compará-la a seu agente nos EUA, que tinha a mesma careca e o mesmo bumbum. Tilda, aliás, estava com um penteado e um vestido que, mesmo quem não é ligado em moda (como eu), não pôde deixar de reparar nela pela excentricidade.

Entre os meus acertos, o prêmio de Melhor Roteiro para Juno, da ex-stripper Diablo Cody, era bem óbvio, já que, assim como Pequena Miss Sunshine em 2007, o filme se tornou a grande sensação popular deste ano. Parece que foi uma consolação, já que não tinha chances de vencer nas categorias mais nobres. Javier Barden, como escrevi no post anterior, era a uninimidade da noite e seu Oscar de Ator Coadjuvante era mais do que esperado. Curiosamente, ele estava acompanhado da mãe, a quem agradeceu o prêmio, e parte de seu discurso foi em espanhol. Vamos ver o que o futuro em Hollywood reserva para ele. Daniel Day-Lewis, ao ser anunciado como Melhor Ator, fez questão de cumprimentar George Clooney e fez uma brincadeirinha ao se curvar diante de Helen Mirren, que anunciou o prêmio, por causa de sua atuação em A Rainha. Já os Coen levaram os Oscars de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção e Melhor Filme. Enquanto Joel tentava fazer um discurso mais eloqüente, seu irmão Ethan só conseguia rir e dizer "obrigado", mostrando um estranho contraste de comportamento entre os dois. Mas os dois merecem, não só por Onde os Fracos Não Têm Vez, como também pelo conjunto da obra.

Nas áreas técnicas, achei ótimo (e previsível) a vitória de Ratatouille como melhor animação, embora não tenha visto Persépollis e achei bem bolado Tá Dando Onda. Uma das surpresas da noite foi a derrota de Transformers em Melhores Efeitos Especiais para A Bússola de Ouro, embora não seja totalmente injusto, já que os efeitos são o ponto forte dessa produção que decepcionou muita gente. O Ultimato Bourne é que acabou se dando bem ao vencer três categorias técnicas (Som, Efeitos Sonoros e Montagem) e deixou os robôs-carros de Transformers comendo poeira. Ah, sim, também gostei da derrota das três músicas de Encantada para a mais simples e mais interessante de Once em Melhor Canção Original. Aliás essa tem sido uma tendência da Academia dar o Oscar para canções menos exageradas. Em Melhor Maquiagem, apesar de admirar Rick Baker, foi bom ele não ter ganho pelo horrível Norbit (quando é que Eddie Murphy vai fazer uma boa comédia em que ele apareça fazendo apenas UM personagem?). O trabalho de Piaf - Um Hino ao Amor era realmente superior.

Agora é aguardar o que 2008 trará de bom para o cinema americano e ficar até tarde assistindo ao próximo Oscar em 2009.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom célio.
Bom texto e bem objetivo.
Continue assim.
Agora que tal escrever sobre aquela imbecilidade que José Wilker falou sobre que efeitos especiais escondem roteiros fracos...Ahhggg.
Valeu.
Abraços.