sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Rebeca Gusmão: Um peixe ensaboado?

No Pan 2007, eu assisti a uma das finais de natação no Parque Maria Lenk. Nesta competição, vi, mesmo que à distância, a melhor nadadora brasileira do momento. Tanto na água quanto fora dela Rebeca era impressionante. Nadava forte e muito mais rápido do que as rivais, um colosso. Na prova dos 50 metros rasos, não teve para ninguém, venceu de ponta a ponta.

Quando ela saiu da piscina para agradecer aos aplausos da torcida, levei um susto. Rebeca era MUITO grande! Tanto que não aguentei e disse: "Cruz credo!". Minha namorada me repreendeu por ter falado alto demais, mas é que a surpresa com aquela mulher muito forte, com os ombros largos e levemente masculininzada foi maior do que qualquer lembrança de etiqueta. Mesmo assim, vibrei muito com a sua vitória e cantei o hino nacional com muito orgulho.

Alguns meses depois, uma imagem inacreditável surgiu em todos os noticiários: Rebeca Gusmão passava mal durante outra competição e caía dura no chão. Os colegas se desesperaram e tentaram reanimá-la, o que aconteceu um pouco depois. Na ocasião, algumas pessoas suspeitaram de que o ocorrido foi por causa do efeito de algum medicamento que ela tomava secretamente, mas ela alegou que o mal estar foi causado por causa de um sanduíche de frango que ela comeu. A desculpa não foi bem aceita por todos, mas isso não impediu que ela continuasse competindo.

Agora, a verdadeira queda de Rebeca Gusmão está prestes a acontecer. A nadadora foi flagrada no exame antidopping com o nível de testosterona bem acima do normal em sua urina em julho deste ano. A partir daí, a Comissão Executiva da Federação Internacional de Natação decidiu banir a atleta, que foi cortada da seleção brasileira. O caso ficou anda mais complicado quando foi revelado que a urina usada em alguns dos exames não era de Rebeca, mas de outras pessoas. Se for condenada, ela pode perder as medalhas do Pan e ser banida do esporte para sempre.

Numa época em que há tanta corrupção e desesperança em nosso país, é triste saber que uma atleta se submete a um arriscado esquema para garantir pódios e recordes que na verdade não são dela. Mais uma vez somos enganados por pessoas que acreditam ser mais espertas que as outras, mas que no fim podem perder tudo o que conquistaram e sair pela porta dos fundos, sem nenhuma glória para si e para os brasileiros.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O agente está nu

No último post, escrevi sobre Batman Begins e as excelentes impressões que tive ao assistir ao filme por causa de sua exibição no SBT. Agora, meio que dando continuidade ao assunto, decidi escrever sobre outra produção que pretendia dar um novo caminho a uma franquia já consagrada nos cinemas de todo mundo: 007 - Cassino Royale, que será exibido no Telecine Premium no próximo dia 10.

A série de filmes sobre o agente secreto James Bond está na ativa há mais de 25 anos, onde carros luxosos, mulheres bonitas, vilões megalomaníacos e engenhocas incríveis foram alguns dos elementos necessários para consagrar Bond como o espião mais famoso do cinema. No entanto, a fórmula vez por outra desanda e os produtores costumam alterar algo para não perder o seu público. O sinal de alerta foi ligado pela última vez quando foi lançado 007 - Um Novo Dia Para Morrer, que, ironicamente, foi a produção que mais arrecadou dinheiro mundialmente. Mas o excesso de exageros da trama, com um vilão coreano que se "transformava" em inglês através de uma cirurgia de troca de DNA(!) mostrava que Bond cairia no ridículo facilmente cedo ou tarde. Então decidiram por mais uma alteração para deixar o personagem mais identificado com o mundo atual, sem ser muito inverossímil. Mas ninguém esperava que as mudanças seriam tão radicais.

Primeiro, o ator Pierce Brosnan, que havia se tornado o Bond mais bem sucedido desde Sean Connery, foi dispensado pelos produtores, o que fez os fãs se desesperarem. Depois, foi prometido que a nova aventura seria uma adaptação do livro escrito por Ian Fleming onde Bond surge pela primeira vez: Cassino Royale. A história, que Quentin Tarantino declarou uma vez que gostaria de dirigir, já tinha sido adaptada duas vezes, em uma produção para a TV e outra para o cinema, com um elenco que incluía Peter Sellers, Orson Welles, Woody Allen, Ursula Andrews e David Niven como Bond. Esse filme, que teve quatro diretores, entre eles o mestre John Houston, resultou numa comédia confusa e com poucos bons momentos. Dessa vez, a idéia era mostrar como Bond adquiriu alguns dos elementos que fazem parte de sua mitologia, como o hábito de beber vodka martini batida, não mexida. As notícias até acalmaram os devotos de Bond, que se irritaram só com uma coisinha: a escolha do pouco conhecido (e loiro!) Daniel Craig para ser o novo 007.

Houve uma grande revolta de fãs, que fizeram abaixo-assinados, sites, blogs e outras coisas contra o ator no papel. Confesso que eu mesmo não entendi a escalação já que só conhecia Craig numa participação em Estrada Para a Perdição como o filho medíocre do mafioso vivido por Paul Newman, que mata a família de Tom Hanks. Além disso, o ator era pouco refinado e tinha um jeito meio truculento. Mesmo com os protestos, os produtores seguiram em frente com Daniel Craig.

Ao ser lançado em 2006, 007 - Cassino Royale fez muita gente (inclusive eu) admitir que os realizadores estavam certos. Daniel Craig torna o personagem mais humano do que Pierce Brosnan conseguiria fazer, mostrando ser bom nas cenas de ação como também um ator mais completo nas cenas mais dramáticas. Basta observar sua performance nas cenas em que ele consola a assustada Bond Girl Vesper Lynd (vivida pela bela Eva Green) debaixo de um chuveiro e, especialmente, quando é torturado pelo vilão Le Chiffre (Mads Mikkelsen). Além disso, o roteiro espertamente mostra Bond como um homem corajoso mas também capaz de causar erros tolos, não sendo mais uma pessoa invencível, como era nos filmes anteriores.

Outro destaque também está na boa direção de Martin Campbell, tanto nas cenas mais complexas (como a perseguição de Bond a pé atrás de um suspeito até uma embaixada) como também na direção de atores. Assim, 007- Cassino Royale apresenta a um público um espião mais "pé no chão" e ainda assim mais fascinante. Só não dá para entender por que a personagem M, interpretada pela ótima Judi Dench, está na trama já que nos filmes anteriores ela só aparece depois da entrada de Brosnan e no início o chefe de Bond era um homem. Mas isso não estraga a boa diversão do filme, que foi até chamado de "Bond Begins" por mostrar a origem do personagem como no mais recente filme do Batman.

Enfim, quem tem NET não deve perder a estréia de 007- Cassino Royale na programação. Longa vida a James Bond!!!