quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um herói sem poderes e (quase) nenhuma responsabilidade



As adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema continuam a fazer sucesso mundo afora. Mesmo quando elas não saem do jeito que muitos fãs esperam, essas produções arrastam muita gente para as salas de projeção e arrecadam muito dinheiro. Mas de vez em quando, algumas conseguem o inusitado, que é dobrar a crítica especializada para este tipo de filme, como Sin City - A Cidade do Pecado, Batman - O Cavaleiro das Trevas e, mais recentemente, Kick-Ass - Quebrando Tudo.

O filme, que foi feito de forma meio independente, e se baseou na história criada por Mark Millar (que não havia acabado de escrevê-la quando a produção começou) mostra Dave (o bom Aaron Johnson), um adolescente normal que compra uma roupa de mergulho pela internet e, com dois bastões e nenhum treinamento especial, decide combater o crime como o super-herói Kick-Ass. Na sua primeira tentativa, ele apanha à beça e acaba atropelado. No hospital, ganha várias placas metálicas e se sente imune à dor, o que o faz voltar às ruas. Ele se mete numa briga com três caras, para salvar uma pessoa, e se torna popular graças a vídeos na internet. Mas enquanto curte o sucesso inesperado, ele chama a atenção do principal chefão do crime (Mark Strong, que está como o vilão de vários outros filmes, como Robin Hood e outra adaptação de quadrinhos, Lanterna Verde) e de um dos seus desafetos, o justiceiro Big Daddy (Nicolas Cage, tão bom quanto em Vício Frenético).

O adolescente acaba cruzando com Big Daddy e sua arma mais mortífera, sua filha Hit Girl (Chloë Moretz). Aliás, ela é a responsável pelas cenas mais politicamente incorretas envolvendo crianças nos últimos anos. A menina (que não tinha mais de dez anos quando fez o filme) mata com requintes de crueldade, apanha que nem gente grande e fala um monte de palavrões sem medo ser feliz. Só ela já vale o filme inteiro e não deixa, literalmente, pedra sobre pedra. Mas Kick-Ass também conhece outro herói, o Red Mist (Christopher Mintz-Plasse, de Superbad), que no final tem um desagradável segredo.

O curioso em Kick-Ass é que, mesmo com a sua visão irônica e bastante violenta do mundo dos super-heróis, Millar e o diretor Matthew Vaughn (que vai dirigir X-Men - First Class) mostram uma história clássica, onde o herói passa por uma jornada e tem seus valores e sua visão ingênua modificada no final. Isso sem falar na relação entre Big Daddy e Hit Girl, que, mesmo com o inusitado das situações que os dois vivem, mostra um grande afeto entre pai e filha. Enfim, o filme diverte e prende o expectador na cadeira. Mesmo que ele nunca tenha lido uma história em quadrinhos na vida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Batalha dos anos 80 volta e ainda diverte



Pois é, não resisti e volto a escrever sobre novelas, algo que não colocava aqui no blog há muito tempo. O motivo é a minha memória afetiva a uma trama que gostei muito quando era criança e agora voltou com uma nova roupagem: Ti-Ti-Ti, escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes nos anos 80 e adaptada por Maria Adelaide Amaral, que é mais conhecida pelas minisséries, como A Muralha, Um Só Coração e Os Maias.

Admito que, quando ouvi falar que a eterna briga entre Jacques LeClair / André Spina e Victor Valentin / Ariclenes Martins voltaria à televisão, não fui muito fã da ideia. Afinal, a novela foi muito marcante e quem a assistiu, há muitos anos atrás, ainda a tem na memória. Então, para que fazer tudo de novo? Mas a autora da nova versão decidiu fazer algumas mudanças nos personagens e juntou uma trama em outra, no caso, Plumas e Paetês, também de Cassiano Gabus Mendes. No primeiro capítulo, que foi exibido com apenas um intervalo comercial, deu para ver que a iniciativa pode "dar liga".

De uma maneira pouco vista em estreias de novelas, Ti-Ti-Ti não se preocupou em mostrar seus protagonistas logo nas primeiras cena. Os telespectadores foram apresentados, inicialmente, aos personagens que vão cercar Jacques (que nesta atualização, é bem mais brega, a começar pelo laço no pescoço e a forma afetada como fala, numa composição divertida de Alexandre Borges) e Victor (um Murilo Benício um pouco mais atrapalhado e casca grossa do que Luiz Gustavo, mas também engraçado). As tramas desses coadjuvantes também podem render bastante, como o caso do jovem Osmar (o galãzinho Gustavo Leão, num papel ousado para sua carreira que ainda está no início), que se afastou da família para se assumir gay e feliz ao lado de Julio (André Arteche), Mas ele sofrerá um grave acidente e morrerá, envolvendo a amiga Marcela (Isis Valverde, que continua atuando da mesma forma que em novelas anteriores) numa confusão por causa de sua gravidez.

Além disso, a novela também fez, em seu primeiro capítulo, uma irônica crítica ao culto à magreza no mundo da moda. Ao saber que teria que levar um grupo de modelos a um desfile de Jacques Leclair, Ariclenes decide levá-las para comer salgados gordurosos por horas, para que ficassem mais "cheinhas". No fim, ele as leva ao lugar marcado horas depois e se reencontra com seu eterno inimigo, ao som de uma música de filmes de faroeste, mostrando que a guerra está só começando.

Depois do fracasso que foi a tola e confusa Tempos Modernos, parece que a Globo pode recuperar sua audiência no horário das 19h, com o remake de Ti-Ti-Ti. Foi só o primeiro capítulo, é verdade, mas a impressão que ficou é de que a nova novela está com tudo para se consagrar entre o grande público. Agora, é aguardar os próximos capítulos.