segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pipoca azul e em 3-D



Pois é, depois muuuuuuuuuito tentar, finalmente consegui ver o blockbuster bicho papão de bilheteria Avatar, com tudo a que tinha direito: exibição em 3-D, muita pipoca e refrigerante. Porque sabia que, para absorver toda a experiência que é a nova produção de James Cameron (que não filmava desde 1997, quando Titanic dominou o mundo - e os Oscars) tinha que ser desta maneira.

Mas vamos ao filme em si. Para quem achava que Cameron havia se enferrujado após anos praticamente desaparecido do mapa (ele só dirigiu alguns documentários sobre o fundo do mar e episódios da finada série de TV Dark Angel, sem contar uma hilária participação na série Entourage, onde apareceia como o diretor de um filme sobre Aquaman!!!), teve uma agradável surpresa. Em cada imagem de Avatar, é possível ver a marca de sua direção, mesmo nos momentos onde a computação gráfica impera, ao mostrar os segredos do planeta Pandora e a tribo dos Na'vi. Ele sabe, como poucos, fazer o expectador ficar preso à cadeira com suas ótimas cenas de ação, se emocionar nos momentos de maior tensão da trama e torcer para que os mocinhos vençam e os bandidos paguem por seus crimes. Aliás, Cameron também mostra como é bom diretor de atores, onde tem um grupo homogêneo como o novo astro Sam Worthington (O Exterminador do Futuro - A Salvação), a consagrada Sigourney Weaver (Alien) e o veterano, porém pouco lembrado Stephen Lang, e tira deles boas atuações, que tornam a produção ainda mais atraente.

Um destaque à parte vai para a atriz Zöe Saldana (a Uhura de Star Trek)), que ela vive Neytiri, uma membro dos Na'vi. Ela mostra uma expressão corporal impressionante e as emoções mostradas no seu rosto são tão cativantes que, depois de um tempo, você se esquece que está diante de um ser digital. Um exemplo está na cena da morte de um personagem importante para ela. Suas reações não transparecem em nenhum momento que a atriz está, na verdade, ligada a computadores para captar seus movimentos, tamanha é sua entrega na cena em questão. Além disso, a expressão de seus olhos, que sempre foram o calcanhar de Aquiles em produções anteriores, como O Expresso Polar, dessa vez se mostra muito mais eficiente, fazendo Neytiri mais sedutora.

Mas nem tudo é maravilhoso em Avatar. O principal problema do filme está em seu roteiro, muito clichê em alguns momentos. A trama lembra filmes como Dança com Lobos, O Último Samurai ou o hoje pouco lembrado Um Homem Chamado Cavalo, onde o protagonista muda seu modo de viver ao conviver com um grupo diferente do qual estava acostumado. A mensagem ecológica da produção também pode aborrecer às pessoas que acham o Greenpeace chato, por exemplo. Talvez por isso que, mesmo com a bilheteria astronômica que tem até agora, o filme não é uma unanimidade.

Isso, no entanto, não estraga o prazer ver uma obra com tantas coisas singulares quanto Avatar. O filme mostra novas formas de usar o 3-D (como a colocação das legendas, que ficam "flutuando" entre os personagens ou algum elemento de cena) e como se pensar novas produções com essa nova tecnologia. Já anunciaram até que o novo Homem Aranha será feito dessa maneira. Vamos ver no que vai dar.

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