quinta-feira, 13 de março de 2008

Eddie Murphy: Entre a cruz e a caldeirinha

Na semana passada, a Globo exibiu na Tela Quente a reprise de Mansão Mal-Assombrada, uma tentativa da Disney de transformar um brinquedo de seu parque em uma franquia de sucesso nos cinemas, assim como foi com Piratas do Caribe. Mas o filme, dirigido por Rob Minkoff (um dos diretores de O Rei Leão), mereceu o fracasso retumbante que foi em todo o mundo por não ter uma boa história, é sem graça e não tinha um personagem carismático como Jack Sparrow de Johnny Depp.

Por que estou escrevendo sobre esse filme? Porque ele é uma espécie de símbolo do que se tornou a carreira de Eddie Murphy nos últimos 15 anos pelo menos. No post que escrevi sobre o Oscar, comentei que o ator não consegue fazer um bom filme em que ele faz apenas um personagem há bastante tempo e algumas pessoas ficaram contrariadas com a minha observação. Chegaram até a citar filmes que gostaram com ele, como Trocando as Bolas e Um Tira da Pesada. O problema é que esses filmes foram realizados na década de 80. Ou seja, há mais de 20 anos que Murphy não faz filmes que sejam marcantes para o grande público. Talvez a nova versão de O Professor Aloprado, clássico de Jerry Lewis, nos anos 90, seja a última produção que é lembrada com carinho pelos espectadores. Mas mesmo esse filme se vale de uma excelente maquiagem (premiada com o Oscar) e da capacidade de Murphy fazer vários personagens numa mesma cena.

Só que tudo que é demais enjoa e Eddie Murphy (que começou a fazer múltiplas performances em Um Príncipe em Nova York, em 1988), quando não faz um filme em que apareça multiplicado graças a efeitos computadorizados, faz produções infantis como Dr Doolittle e A Creche do Papai. Ele até ensaiou uma mudança em sua carreira ao viver um cantor de temperamento difícil em Dreamgirls, há dois anos atrás. Mas ele caiu em tentação e logo depois surgiu como três personagens no horrível Norbit. Há quem diga que foi por causa deste filme que ele perdeu o Oscar de Ator Coadjuvante, que foi para as mãos de Alan Arkin, de Pequena Miss Sunshine. Murphy também foi premiado, mas com a Framboesa de Ouro este ano, conseguindo a proeza de ganhar os prêmios de pior ator, pior ator coadjuvante e (pasmem!!!) pior atriz coadjuvante pelos três papéis que viveu em Norbit.

Enfim, Eddie Murphy parece que está numa encruzilhada. Ele pode continuar a viver personagens engraçadinhos em filmes infantis ou tentar retornar à boa forma do humor que realizava nos anos 80. Mas por favor, sem precisar ressuscitar O Professor Aloprado ou Um Tira da Pesada, tá?

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